Tecnologia e mudas enxertas permitem o aumento do cultivo da cultura do cacau em Colniza
Há três anos, produtores rurais do município de Colniza (1.065 km a Nordeste de Cuiabá) investem no uso de tecnologia para o cultivo do cacau utilizando materiais enxertados e clones superiores. A previsão é chegar ainda este ano a uma área estimada de 84 hectares com o plantio do cacau e uma produtividade em torno de duas toneladas por hectare. O engenheiro agrônomo da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Ronaldo Benevides de Oliveira Filho, explica que lavouras formadas por mudas enxertadas são mais uniformes, produtivas, precoces e de fácil realização dos tratos culturais.
Hoje o município possui uma área de 57 hectares em produção com uma produtividade de 900 quilos por hectare e 26 agricultores familiares envolvidos na atividade. Esse ano, conforme Ronaldo, a área ampliará em mais 27 hectares e terá um total de 70 agricultores cultivando o cacau. “A estratégia utilizada pela Empaer e a Secretaria de Agricultura do município, para adesão de novos agricultores, tem sido o incentivo ao uso de tecnologias como a enxertia clonagem de cacaueiros mais produtivos, acompanhamento técnico, orientações de adubação e podas, dentre outros”, enfatiza.
De acordo com o engenheiro, dentre as diversas tecnologias abordadas, a enxertia de clones superiores em produtividade e tolerância a doenças tem feito o diferencial para o crescimento da cultura na região. Os agricultores envolvidos com a cultura do cacau estão recebendo treinamento e mudas enxertadas para plantio. O Viveiro de Mudas da prefeitura já produziu mais de três mil mudas de cacau enxertadas.
O Viveiro de Mudas da prefeitura já produziu mais de três mil mudas de cacau enxertadas.
Os clones para enxertia são fornecidos pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que está elaborando um plano de revitalização e expansão da lavoura cacaueira em Mato Grosso. Atualmente estão sendo utilizados dez diferentes clones, tais como: CCN 10, CCN 51, CEPEC 2204, PH 09, PH 16, IPIANGA 01, BN 34, PS 1319, CEPEC 2002 e SJ 02. Segundo Filho, a estratégia adotada para que os cacauicultores interessados tivessem acesso aos novos materiais genéticos desenvolvidos pela Ceplac e seus parceiros, foi implantar campos de multiplicação ou “jardins clonais” das respectivas matrizes com genótipos melhorados visando a produção de mudas para formação de lavouras comerciais.
Após o plantio, a primeira colheita do cacau acontece no terceiro ano (2023), e a previsão é de colher até 1.000 kg/hectare. Conforme Ronaldo, no quinto ano de cultivo, ou seja, em 2025, a previsão é colher de 1.500 kg de cacau/hectare, com uma produção que pode chegar a 126 toneladas de amêndoa. A comercialização do produto é realizada no município e no Estado de Rondônia.
Essa produção conta com o esforço do agricultor familiar que está utilizando uma área de até quatro hectares para o plantio do cacau. No Estado o cultivo do cacau ocupa uma área de 880 hectares, com uma produtividade média de 660 quilos/ha. Esses dados são referentes ao ano de 2017, quando atingiu uma produção de 647 toneladas. “O cultivo do cacau começou com a criação do município de Colniza. Alguns agricultores trouxeram a experiência sobre o cultivo feito em outras localidades e implantaram as primeiras plantas. Com o aumento da produtividade, a atividade poderá ser bastante lucrativa”, analisa.