O excesso de chuvas em Mato Grosso já causa transtornos em meio às lavouras de soja. Paralisações da colheita e risco de perdas de produtividade nas regiões com a cultura mais adiantada elevam a apreensão dos produtores.

O grande volume de chuvas, na avaliação do gerente de produção Joelso Francisco da Silva, deverá ser um dos grandes desafios do campo nesta safra. Na propriedade em Campos de Júlio, o grupo para o qual ele trabalha, semeou 4.226 hectares e as primeiras áreas prontas de soja já foram colhidas, registrando uma média de aproximadamente 76 sacas por hectare.

Joelso comenta ao Canal Rural Mato Grosso que o plantio desta safra 2024/25 começou um pouco mais tarde. Ele frisa que a “chuvarada” vista no campo hoje foi “surpresa”.

“Foi surpresa. Agora tem que conviver com ela e já temos mais de 700 hectares prontos para colher. Tem que estar preparado para o clima. O tempo abriu, as máquinas têm que estar preparadas para entrar para colher bem no momento certo, na hora certa e não perder o produto na lavoura”.

A alta umidade do solo também prejudica a colheita nas áreas de sequeiro da propriedade do produtor Gabriel Schoulten Parmeggiani, que nesta temporada cultivou 3,4 mil hectares com soja em Campos Júlio. Hoje, segundo ele, cerca de 800 hectares estão prontos para colher.

“Tem bastante área para colher e a cada pouco vem uma garoa. Vem uma chuvinha e as máquinas não estão tendo o rendimento que esperávamos. Então é preocupante a chuva”.

Força-tarefa para driblar as chuvas

Gabriel frisa que para tentar driblar a situação é feita uma força-tarefa, que chega a incluir até mesmo os vizinhos.

“A gente troca serviços, porque nós não podemos deixar perder no campo. Abertura de sol, qualquer ventinho tem que entrar colhendo. Não pode ficar dormindo, senão perde a soja. Bastante soja vai vir ainda para colher e as previsões estão preocupantes, porque segundo o que está se mostrando vem muita chuva ainda”.

Gabriel salienta em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, que o acumulado de chuvas até o momento é considerado “bom”, registrando desde setembro entre 550 e 650 milímetros.

“Precisa colher bem, porque os custos estão bem elevados e os preços da soja em si não estão tão atrativos”.

Sorriso registra germinação de grãos na vagem

Município que mais produz soja no Brasil, Sorriso também enfrenta dificuldades com a umidade excessiva na colheita do grão, que, por enquanto, está sendo realizada apenas nas áreas irrigadas.

O produtor Pablo Felippeto é um dos agricultores do município que registram problemas para colocar as colheitadeiras em campo. Na propriedade os trabalhos na área com pivô tiveram que ser escalonados.

Na última semana, revela à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, ele chegou a tirar quatro cargas de soja da lavoura, contudo de quinta-feira (9) para cá enfrenta dificuldades para entrar com as máquinas.

“Tudo parado. A chuva não está dando trégua. Deve ter passado de mil milímetros nesta safra. Já tem bastante grão brotando na vagem. São três, quatro dias de chuvas intensas, tempo nublado, muita umidade. A preocupação já vem por causa dos compromissos que a gente já tem desta safra. Foi uma safra um pouco apertada, bem justa. Os custos são mais altos do que o normal. Então a gente fica com bastante preocupação”.

O presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Diogo Damiani, pontua que os transtornos e os riscos de perdas na colheita das áreas com pivô têm gerado também preocupação com as áreas de sequeiro, onde a concentração da produção de soja é maior no município.

“Sorriso até o dia 15 de outubro tinha 18% da área semeada. Se fosse em outros anos, nós teríamos de 45% a 50%. Então teve uma concentração muito grande”.

Conforme Diogo, após o dia 15 de outubro os trabalhos saltaram para 80%, 90% da área com as sementes.

“É isso o que nos preocupa um pouco. Temos algumas previsões mais para o final de janeiro de um tempo mais aberto, mais ensolarado, onde a gente já começa a colheita de sequeiro, mas depois, o mês de fevereiro marca muita chuva. Chuvas acima da média, o que nos preocupa muito. O produtor já semeou, cuidou, mas essa parte do clima a gente não consegue interferir”.

Outra preocupação, ressalta o presidente do Sindicato Rural, em torno da dificuldade em retirar o grão das lavouras é quanto a qualidade.

“Mas, não vamos sofrer com antecedência. Vamos aguardar para ver como o clima vai se comportar. O produtor também vai dissecar, vai fazer também o seu planejamento estratégico da dessecação, para não dissecar tudo de uma vez”, salienta.

Fonte: CANAL RURAL

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