Na semana passada Sorriso recebeu uma visita especial: as pesquisadoras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, Zehbour Panossian e Célia Aparecida Lino dos Santos, estiveram na cidade para conhecer a usina de etanol de anidro milho. Com pesquisas na área de físico-química, especificamente sobre corrosão, as professoras conferiram de perto o funcionamento da planta.

Mas a história dessa visita começou há muito tempo atrás; é o resultado de um trabalho que iniciou ainda em 1980. Zehbour conta que na década de 80 o Ministério da Ciência e Tecnologia encomendou ao IPT uma pesquisa sobre o uso de etanol de cana como combustível. “Naquela época, com o patrocínio da 4 Rodas desmontamos alguns veículos para analisar o sistema de alimentação de combustível, incluindo o carburador dos carros para analisar a corrosão”, explica. E o trabalho das pesquisadoras não parou por aí. Quando do início da circulação dos carros com ignição eletrônica, o IPT também analisou os componentes injetores eletrônicos dos veículos – e sim, o minucioso e detalhista olhar feminino esteve presente nos dois projetos.

“Nos anos 2000 os Estados Unidos publicaram uma pesquisa analisando a corrosão gerada pelo etanol anidro milho em tanques terminais (distribuidores). No Brasil estávamos analisando a corrosão gerada pelo etanol de cana”, destaca a professora. Como não havia amostras de etanol de milho na época no Brasil, as pesquisadoras trabalharam com uma enviada pelos Estados Unidos, e, tanto com o etanol de cana quanto com o anidro de milho chegaram a conclusões muito parecidas com as norte-americanas sobre os efeitos corrosivos dos produtos.

Zehbour conta que hoje o Brasil produz etanóis de três origens: de cana, de milho e de celulose. Como o IPT fica em São Paulo e no Sudeste há usinas que beneficiam a cana de açúcar, conseguir uma amostra direto da fonte e estudar esse produto não foi difícil. Já a amostra do etanol de celulose veio do Nordeste. Mas faltava uma amostra de etanol de milho, colhida direto da fonte: uma usina de beneficiamento. E foi na odisseia de coletar essa amostra que Zehbour e Célia chegaram ao Centro Oeste e conheceram Sorriso e também Lucas do Rio Verde.

“Ficamos encantadas com a região, em conhecer a produção das lavouras”, conta. “E também em ver que a empresa que visitamos pensou em gerar economia no futuro, pois já usou o aço inoxidável nos tanques que é um material mais nobre do que o aço de carbono, tem maior durabilidade e manutenção mais fácil, apesar de requerer um investimento maior no momento da instalação”, salienta. A dupla também ficou grata pela recepção e por conferir “e conseguir uma amostra do etanol de anidro diretamente da usina; com os três produtos poderemos dar sequência à pesquisa”, comemoram.

E a gente também! Porque com certeza os resultados desse trabalho serão fundamentais no processo do desenvolvimento industrial sustentável no país. Mas tem mais: Zehbour já adianta que para 2023 a Associação Brasileira de Corrosão irá organizar um grande evento para debater corrosão e desenvolvimento.

E quem acompanhou as pesquisadoras na busca pelo material faltante foi o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Marcelo Lincoln. “A Zehbour foi presidente do IPT no biênio 2018/2019, além de coordenadora de vários outros projetos do IPT como os do Laboratório de Corrosão e Proteção que dirigiu por 24 anos; já a Célia é orientadora, pesquisadora e professora da área de Corrosão de Materiais Metálicos, então são duas profissionais extremamente qualificadas e voltadas para o campo da pesquisa em corrosão que estiveram aqui”, pontua Lincoln.

“São duas referências no país no campo de pesquisas físico-químicas e que podemos buscar auxílio quando estivermos trabalhando o nosso Parque Tecnológico”, destaca Lincoln. “Também agradecemos a empresa que nos recebeu e possibilitou que víssemos in loco todo o processo de trabalho desenvolvido”, completa o gestor. Segundo Zehbour e Célia, os conhecimentos vistos na prática serão relevantes e esclareceram muitas dúvidas para o projeto em desenvolvimento no IPT. “Só temos a agradecer pela recepção que tivemos em Sorriso, quer seja na Prefeitura, quer seja nas empresas”, completa Zehbour.

Fonte: Prefeitura de Sorriso

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